O período das chuvas nesse ano foi melhor que em 2014, mas, segundo os meteorologistas, já terminou e não foi suficiente para recuperar tudo o que a seca mais severa das últimas décadas provocou na região noroeste paulista. A estiagem ainda traz reflexos para a economia de todo o país. A paralisação da hidrovia Tietê-Paraná já soma R$ 700 milhões de prejuízos, e rodovias cada vez mais movimentadas, já que pela água, produto nenhum é escoado há dez meses.

O período de chuva trouxe um certo alívio para quem precisa do rio para sobreviver, mas ainda não foi o suficiente para restabelecer o transporte de carga na hidrovia Tietê-Paraná, que tem 2,4 mil quilômetros de extensão e é uma importante rota de escoamento de grãos e celulose de vários estados do país, como São Paulo, Mato Grosso do Sul, Goiás, Paraná e Minas Gerais.

A navegação está proibida desde maio do ano passado, depois que algumas barcaças encalharam na região de Buritama (SP). O trecho crítico tem oito quilômetros e o rio Tietê está com água cinco metros abaixo do normal. A chuva do começo do ano não foi suficiente para recuperar o volume de água em alguns trechos do rio. Quase um ano depois da interdição por causa da seca, ainda é possível caminhar no meio da hidrovia.

De acordo com o Departamento Hidroviário, o prejuízo com a paralisação já soma R$ 700 milhões. Em um estaleiro de Araçatuba (SP), a previsão era de fabricar 20 comboios até o fim do ano, mas apenas um, com quatro barcaças, foi entregue. Com a queda na produção, 70 funcionários já foram demitidos. “Foi muito duro, porque eu não esperava ser mandando embora, trabalhava há um tempo. As contas vão chegando e o acerto logo acaba, então é complicado.”

O transporte pela hidrovia é muito mais barato do que pela rodovia. O custo do frete, por exemplo, chega a ser três vezes menor. Além disso, uma embarcação pode substituir 180 caminhões. Por causa da seca, o transporte de soja e milho caiu mais de 70% no ano passado, dois milhões de toneladas a menos que em 2013.