Inspirada na ação feita na Islândia há algumas semanas, a Suíça realizou no domingo (22) um funeral simbólico pelo desaparecimento de uma das geleiras mais estudadas do mundo, a Pizol, em consequência dos efeitos do aquecimento global.
Cerca de 250 pessoas, algumas vestidas de preto, se reuniram após duas horas de trilha pela antiga geleira, localizada perto de Liechtenstein e da Áustria, a 2.700 metros de altitude.
A cerimônia ocorreu na véspera da reunião especial da ONU sobre o clima, que ocorre nesta segunda-feira (23) em Nova York. Vários chefes de Estado comparecerão para reforçar seus compromissos em limitar o aquecimento do planeta a até 2ºC em relação ao período pré-industrial.
Na Suíça, a montanha Pizol "perdeu tanto de sua essência que, do ponto de vista científico, não é mais uma geleira", explicou à AFP Alessandra Degicomi, da Associação Suíça para a Proteção do Clima, uma das ONGs que organizou o velório.
Os participantes, entre eles crianças, depositaram flores na montanha. Não foi instalada nenhuma placa comemorativa, como fizeram os islandeses em 18 de agosto, em memória do Okjökull, primeira geleira da ilha a perder seu status.
"Desde 1850, estimamos que há mais de 500 geleiras suíças que desapareceram completamente", das quais apenas 50 tinham nomes, explicou Huss à AFP dias antes da cerimônia.
"O Pizol, agora, não é a primeira. Mas podemos lhe considerar a primeira geleira suíça desaparecendo que foi muito bem estudada desde 1893", destacou.
O derretimento é incontestável: desde 2006 ela perdeu de 80% a 90% de seu volume. Só restam 26.000 m² de gelo, "menos que quatro campos de futebol", afirmou Huss.
De acordo com a Rede Suíça de Pesquisas Glaciológicas (Glamos), o Pizol pertencia à categoria "geleiras" mesmo sendo muito pequeno.
Localizado a uma altitude relativamente baixa (de 2.630 a 2.780 metros de altitude), ela dependia da neve acumulada no inverno.
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