A cada 27 horas uma pessoa morre por acidentes de trânsito na região de Rio Preto. Nos últimos dois anos, foram 635 mortes nas estradas e ruas regionais - sendo 328 no ano passado e 307 em 2016, aumento de 6,8% de um ano para o outro. Os dados são do Infosiga, banco de dados do governo estadual. Só em Rio Preto, foram 146 mortes.
As polícias Militar e as rodoviárias são unânimes em afirmar que as principais causas de acidente de trânsito são o desrespeito à legislação de trânsito como: ultrapassagens em locais proibidos, excesso de velocidade, embriaguez ao volante, uso de celular, desrespeito à sinalização de parada obrigatória e semáforo, e falta de manutenção de veículo.
A maioria das vítimas é homem e a faixa etária com mais mortes é de 18 a 24 anos. Acidentes envolvendo motos passaram de 81 em 2016 para 101 no ano passado na região. O cabeleireiro Lucas Jonathan Bonfim dos Santos, 23 anos, é uma das vítimas. Morreu em acidente de moto no último dia 8 de dezembro. Ele seguia pela avenida Feliciano Sales Cunha e, ao passar por uma lombada, perdeu o controle e só parou ao bater em uma árvore. A moto que ele pilotava parou a 50 metros do corpo. A suspeita é de que ele pilotava em alta velocidade.
"Ele estava a 150 quilômetros por hora (km/h). Os jovens não têm noção do perigo, eles pegam uma moto que exige a velocidade e eles vão. A gente que é mãe aconselha para tomar cuidado, mas não adianta", diz Vera Lúcia Bonfim, 50 anos, mãe do jovem, acrescentando: "Se eu pudesse dar um conselho aos jovens é de que pensassem no pai, na mãe, na família, porque meu Luquinhas não sofreu. Ele bateu e partiu, deixando as pessoas que o amam sofrendo".
Vera afirma ainda que na avenida na qual ocorreu o acidente falta sinalização. "A lombada não é pintada, só tem uma placa. A avenida é cheia de buracos e muito movimentada, passa muitos ônibus, caminhões."
Em dois anos, 102 pedestres morreram atropelados. Alguns mesmo respeitando as leis de trânsito. Caso da aposentada Ernestina Ferreira Seixas, 68 anos. Ela foi atropelada na lombofaixa em frente à Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Tangará, em Rio Preto, e morreu 42 dias após o acidente. O atropelamento ocorreu no início de novembro, na avenida Presidente Getúlio Vargas, no bairro São Francisco. O dispositivo criado pela Prefeitura para reduzir velocidade foi ignorado por um motociclista, que atingiu a idosa
O fato de Ernestina ter sido atingida quando tentava fazer travessia segura, passando pela lombofaixa, é o que causa indignação no filho dela, José Leandro Seixas, 40 anos. "O brasileiro cobra do poder público, mas não faz a sua parte. Minha mãe tinha 78 anos, era semianalfabeta, mas conhecia suas obrigações e me cobrava. Ela dizia: filho, aqui é faixa continua, filho cuidado com a velocidade. Ela foi atropelada numa lombofaixa, em que o carro parou e a moto não. No mesmo dia ela tinha comentado isso, que moto não respeita as lombofaixas e que achava perigoso", afirma José.
Ele diz ainda que não espera que o motociclista responsável pelo atropelamento seja preso. "Infelizmente, minha mãe não volta. Não procurei a Justiça porque não o quero preso."
Pequena redução
Rio Preto teve uma pequena redução no número de vítimas fatais em acidentes em 2017, em comparação com 2016. Enquanto nos 12 meses do ano passado, foram registradas 72 mortes, em 2016 foram 74.
Os motociclistas são as maiores vítimas: 54 morreram nos últimos dois anos - 25 em 2016 e 29 em 2017.
Na noite de sábado, 20, um motociclista de 26 anos morreu em acidente na BR-153, em Rio Preto. Um carro teria invadido a pista contrária e batido contra a moto do rapaz. Leandro Jesus da Silva não resistiu aos ferimentos e morreu no local. Na caçamba da picape envolvida no acidente, a polícia encontrou dois fardos de cerveja. O carro foi abandonado pelo motorista.